French Can Can
Ficha técnica
French Can-can
França, 1955
Jean Renoir
Roteiro: Jean Renoir, a partir de argumento de André-Paul Antoine
Fotografia: M. Kelber
Música: G. Van Parys
Elenco: Jean Gabin, Françoise Arnoul, Maria Félix, J. R. Caussinon, Max Dalban, Dora Doll, G. Modot, Gianni Esposito
Produção: Franco-London Film-Jolly Film.
SINOPSE:
“As representações de cancan no Cabaré da Place Blanche em seu apogeu foram a máxima expressão de alegria de vida de largos setores da sociedade francesa dos anos mais felizes da Terceira República. Renoir captou, estilizando, não só esse lado do fenômeno mas também inquiriu a natureza das parisienses que se especializaram na dança célebre. Na sequência final da fita, restaurou a endiabrada acrobacia, a provocação erótica, repleta de improvisações, e sobretudo a fúria do French Can-Can primitivo, do qual a representação hodierna não é senão um pálido reflexo. O acontecimento estético maior da fita foi, porém, a utilização da cor. [...] French Can-Can tem um aspecto pictórico inédito no cinema; não se trata mais de composições plásticas baseadas em mestres que o cinema sempre conheceu, mas, conforme foi longamente demonstrado por André Bazin, ‘da integração de um estilo pictórico e do seu desenvolvimento no tempo’. [...]
“O exemplo mais imediato que a fita nos fornece é a cena em que uma moça arruma a casa e vai à janela sacudir a poeira do pano de limpeza. Enquanto é vista de fora, no interior do quarto a tonalidade da imagem é uma penumbra ligeiramente colorida, ao passo que o pano que agita por um instante à luz do dia é de um amarelo-vivo enquadrado no tempo por um colorido difuso e incerto, não tem importância dramática, e a emoção que nos transmite é puramente pictórica. É ainda e finalmente Bazin que chama nossa atenção para outro milagre pictórico de French Can-Can. Numa determinada sequência vê-se através de uma porta uma moça que toma banho numa bacia. Não é só porque o assunto fosse caro a Auguste Renoir e outros impressionistas que a cena evoca a pintura. O acontecimento importante é que, provavelmente pela primeira vez no cinema, o erotismo do nu sofre a depuração estética que o coloca, num mesmo plano que outros, como um gênero artístico.” (SLI: 341-42, 347-48)