Zero de Comportamento
Ficha técnica
Zéro de Conduite
França, 1933
Jean Vigo
Roteiro e montagem: Jean Vigo
Fotografia: Boris Kaufman Música: Maurice Joubert
Elenco: Louis Lefèvre, Gilbert Pluchon, Gérard de Bédarieux, Constantin GoldsteinKehler, Jean Dasté, Robert Le Flon, Delphin, Du Verron
Produção: Jacques-Louis Nounez-Gaumont.
SINOPSE:
“Se fosse preciso escolher para uma antologia uma única sequência de obra de Vigo, representativa de seu estilo, esta deveria ser a abertura de Zero de comportamento. Três procedimentos típicos de sua criação aí se encontram. Inicialmente, uma realidade modesta tratada em detalhe (uma cabine de terceira classe, escolares de uniforme batido e pernas finas), que culminará na fantasia (a atmosfera enevoada da cabine) passando pelo extravagante (os objetos e as brincadeiras dos meninos). [...]
“A divisão em dois mundos e a conclusão do filme nos dão todos os elementos da ideologia de Vigo e das intenções sociais de Zero de comportamento. A escola de Zero de comportamento, tirada das recordações de infância de Vigo, é também a sociedade tal como ele a vê agora adulto. A divisão entre crianças e adultos no interior dessa escola corresponde à divisão em classes da sociedade: uma minoria forte que impõe sua vontade à maioria fraca. A associação entre as crianças e seu cúmplice Huguet de um lado, as pessoas do povo, a cozinheira e o garçom de café, do outro, não nos é dada pela ação - seria artificial - mas pelo mesmo estilo realista da apresentação de uns e outros, em oposição à estilização acentuada dos adultos representantes da autoridade.
“A escolha das vítimas para o jogo de pimpampum -a Igreja, o Estado, o uniforme- nos revela Vigo às voltas com os temas tradicionais da anarquia. Do mesmo modo, a conclusão (a partida dos quatro amotinados para a liberdade) exprime o sentimento anarquista do fim do século XIX que levou a tantos militantes, depois de algumas investidas à sociedade, a fugir, seja individualmente em busca de liberdade na Argentina ou em outro lugar, seja coletivamente, à procura da liberdade fora da sociedade pela edificação de ‘meios livres’ ou de comunas. A ideologia de Zero de comportamento consiste na fidelidade de Vigo a sentimentos políticos de uma outra era que, no entanto, lhe eram bastante próximos.” (JV: 117, 130)