COLÓQUIO ARTE-DOR


O Laboratório de Estudos em Psicologia da Arte do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, no contexto das comemorações do 25° aniversário deste Instituto, promove um colóquio acerca de uma questão transdisciplinar: a relação arte-dor. Trata-se de uma relação complexa que abre um amplo campo de discussão, sobretudo se for levada em conta a ambiguidade dos termos vinculados. Paralelamente ao colóquio, o CINUSP Paulo Emílio organiza um ciclo de filmes representativos do tema em questão.
Para muitos, "o poeta escreve para liberar sua dor, adormecê-la pelo canto, apaziguar seus males e os de seus semelhantes" (Lafay). No entanto, se a dor pode significar a abolição do fazer, do desejo, do pensamento e, consequentemente, da própria arte, como compreender a sua inscrição poética? Como entender que uma dor intensa possa dar lugar não só ao estupor, mas a um ato imaginário que se concretiza em obra? Como pensar o paradoxo do artista que se consome na dor (e são muitos os que a História da Arte registrou - a metáfora da doença, por exemplo, foi corrente no século XIX) ao mesmo tempo em que se consagra "a combater a demissão simbólica que o envolve?" (Kristeva). E mais: poderá a arte remediar a dor e, assim, ser um direito fundamental do homem? E, em que condições pode-se afirmar ser a arte uma "necessidade vital" (Pedrosa), considerando as adversidades presentes no mundo contemporâneo.
Evocando brevemente alguns dos problemas passíveis de análise e discussão, o colóquio e o ciclo de filmes permitirão um diálogo que colaborará para a ampliação e o aprofundamento de um trabalho de reflexão que envolve, nos aspectos ético e estético, um tema bastante atual: o sentido das artes neste final de século XX, uma época marcada por violência, dor e morte.

João A. Frayze Pereira.