CINEMA BRASILEIRO: NOVOS AUTORES
CINEMA BRASILEIRO: NOVOS AUTORES
Depois de alguns anos em que o cinema brasileiro, pelos maus engenhos de uma política cultural obtusa disfarçada de modernidade “de mercado”, sumiu das telas do país, em 1997 a produção nacional é novamente animadora. O conjunto dos filmes dos novos autores chamou a atenção do público e da crítica e transformou-se inquestionavelmente num dos pontos altos do panorama cinematográfico destes últimos meses. Momentos da história recente foram revisitados com pertinência e dignidade artística, apesar das polêmicas, enquanto outros filmes, entregues a uma ficção mais livre, também souberam encontrar uma fatia significativa de público. E não foram apenas produtos que surgiram, mas obras cinematográficas com propostas estéticas atraentes e marcantes, permitindo que se fale com razão no aparecimento de novos autores, no sentido forte do termo.
O segundo semestre de todo ano tem sido, em São Paulo, há tempos, um momento privilegiado para o audiovisual de todas as tendências, formatos e procedências. São pelo menos duas mostras internacionais importantes e uma série de outras, acaso menos espetaculares porém não menos relevantes, voltadas para o que se faz em curtas, em vídeo, animação etc. O CINUSP entende ser apropriado, nesse exato momento, sob a curadoria de uma jovem realizadora, reunir alguns dos filmes brasileiros recentes para, com a consistência que eventos assim adquirem, comemorar a produção dos Novos Autores e abrir nova oportunidade de contato entre seu trabalho e o público. E institui essa mostra como um marco estável em sua programação anual, a ser repetida no próximo ano certamente com dimensões mais generosas - o que expressa confiança no alcance deste renascimento do cinema brasileiro.
Teixeira Coelho, agosto de 1997.
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APRESENTAÇÃO
A retomada da produção cinematográfica no Brasil, na segunda metade dos anos 90, traz uma novidade: o surgimento de uma nova geração de autores, composta, em sua maioria, por cineastas com experiência em curta-metragem.
Além da simples constatação de que há sangue novo no pedaço, esta nova geração traz para a produção de longas-metragens algumas características que marcaram o curta-metragem nos últimos dez anos: a pluralidade, a diversidade de temas e proposta estética, a descentralização da produção. Os filmes apresentados nesta mostra são bastante diferentes entre si e oriundos de diversas partes do país.
Ultrapassada esta constatação podemos perceber nos filmes novos uma importante característica: a legitimidade. Não se trata de fazer filmes seguindo um padrão ou modelo, mas de fazer filmes necessários aos autores que passam a funcionar como antenas sintonizadas no mundo a sua volta.
O choque causado pelo momento anterior da produção - ou da não- produção - cinematográfica fez com que estes novos cineastas se preocupassem em descobrir novos caminhos de realização e de relacionamento com o público. Os lançamentos de cada um dos filmes diferem, entre si novas estratégias estão sendo pesquisadas e praticadas.
Alguns destes filmes, destas novas experiências, foram selecionados. Esta seleção obedeceu a critérios de disponibilidade dos filmes e de autores que pudessem participar da mesma através de debates após cada sessão. A abertura da mostra será realizada através de uma pequena introdução de José Carlos Avellar, diretor da Riofilme, responsável pela finalização e distribuição da maioria dos filmes da nova safra do cinema brasileiro.
Tata Amaral, curadora.