EXCLUSÃO SOCIAL


América Latina e Caribe: Por uma Democracia sem Exclusões e sem Excluídos

Se a chamada “década perdida” ficou para trás e vários países do continente retomam ritmos - ainda que baixos - de crescimento econômico, este tem se dado, invariavelmente, com o aumento dos problemas sociais. Dentre eles, simbolizando-os, se situa a marginalização social propiciada por duras políticas de ajuste fiscal, propostas como desdobramentos, considerados inevitáveis, da globalização. Como consequência, nossas sociedades apresentam possibilidades de adequação às novas condições de competitividade para uma minoria, jogando na incerteza do trabalho precário, da terceirização, da destituição dos direitos básicos à sua maioria.
Paralelamente, Estados nacionais esvaziados por políticas de aberturas indiscriminadas, ficam impotentes para se contrapor às consequências de políticas definidas em organismos internacionais, sem nenhum controle da cidadania. Um verdadeiro “governo mundial” atenta diariamente contra a soberania da cidadania, contra a possibilidade dos homens decidirem livremente seus destinos, vítimas de políticas que abrem mão da participação democrática dos indivíduos a favor da livre circulação do capital especulativo.
A América Latina está entre os continentes para os quais o chamado “primeiro mundo” não tem políticas a propor e tampouco conta com as políticas próprias de inserção na nova divisão internacional do trabalho. O pensamento social latino-americano - que tem justo orgulho de haver-se mantido fiel à reflexão crítica e à elaboração teórica voltadas para as alternativas vinculadas às maiorias sociais do continente - é convocado de novo neste final de século para o resgate dessas maiorias e das formas de organização solidárias que permitam a construção de sociedades sem exclusões nem excluídos. Estar à altura desse desafio é saber dar continuidade aos mestres do pensamento social latino-americano, que iluminaram a trajetória desse pensamento e souberam renovar-se sem romper a fidelidade aos ideais e aos combates pela democracia e pela justiça social. A eles é dedicado este Congresso.

Emir Simão Sader, vice presidente.