11 de agosto de 1999 - 00h00 - Cinusp Paulo Emílio
12 de agosto de 1999 - 00h00 - Cinusp Paulo Emílio
13 de agosto de 1999 - 00h00 - Cinusp Paulo Emílio
1 de setembro de 1999 - 00h00 - Cinusp Paulo Emílio

Ficha técnica

Alemanha, 1971
Werner Herzog
9min, cor, 16mm.
Fotografia: Jörg Schmidt-Reitwein
Música: Friedrich Handel
Montagem: Wolfgang von Ungern-Sternberg, James William Gledhill.

SINOPSE:
Um dos mais notáveis filmes de Herzog e também do Novo Cinema Alemão: um documentário não-narrativo no qual Herzog reuniu imagens feitas na África Central, Ocidental e Oriental, entre 1968 e 69. Predominam no filme as paisagens, especialmente de regiões áridas de Sahel e do sudeste do Sahara. Os planos sucedem-se num fluxo mente sem polimento: as panorâmicas são tremidas, os cortes abruptos, o foco borrado. Herzog trabalha sobre os padrões e formas do deserto e das cidades, frequentemente usando movimentos de câmera para criar efeitos extra, como numa sequência particularmente bela, de um travelling pelas dunas de areia. Muitas das paisagens, no entanto, exibem as marcas do homem: torres de petróleo, construções decrépitas, favelas, gado morto, depósitos de lixo, galpões, ruínas e escombros.
O filme divide-se em três partes, de caracterização mitológica: Criação, Paraíso e Idade do Ouro. A narração da criação é feita pela leitura de um mito de índios guatemaltecos. Conforme o filme avança, a presença humana vai se tornando mais intrusiva. Ao mesmo tempo, o filme vai se tornando mais autoconsciente. Os signos, as músicas, o comentários e os diálogos ocasionais vão sendo utilizados de forma progressivamente discrepante. O comentário fica mais irônico, a consciência da presença da câmera é manifesta na ação das personagens. A ação humana, aqui, não tem nada de heróica. Não há nada no filme semelhante a apresentação maravilhada do espirito humano, como em Kasper Hauser, por exemplo. O Homem, aqui, mais do que em qualquer outro momento da obra de Herzog, é objeto do ridículo, uma falha no esquema das coisas, sem sentido como a “fata morgana” do título: um pequeno objeto indeterminado visto três vezes, desfocado, flutuando sem rumo contra um horizonte trêmulo.
Texto baseado no livro The New German Cinema, de John Sandford. Da Cappo Press, 1980, New York.

Fata Morgana