Dias de Ódio
Ficha técnica
Emma Zunz
Argentina, 1953
Leopoldo Torre Nilsson
66min, versão original.
Produção: SIFA
Produtor: Armando Bo
Elenco: Elisa Christian Galvé, Nicolás Fregues, Raúl dei Valle, Duilio Marzio, Enrique de Pedro, Virgínia Romay, Lina Bardo, Luis Belti, José Guisone, Elida Day
Argumento: J.L. Borges, do conto “Emma Zunz”
Roteiro: J.L. Borges, L.T. Nilsson
Música: J. Rodríguez Fauré
Fotografia: Enrique Vvallfish
Montagem: Rosalino Caterbetti.
SINOPSE:
A operária Emma Zunz vive solitária sua rotina medíocre até receber carta que informa a morte de seu pai. Desterrado, ele amargava as conseqüências de seu desentendimento com o patrão de Emma. Esta, em solidariedade à frustração do pai, resolve vingá-lo.
Comentários: “No cinema argentino de sua época, nada se parecia com Dias de Ódio. A procura de relações entre o relato oral, sumamente literal, na trilha sonora e uma ação reduzida em grande parte a uma só personagem, [...] a escassez de gestos, os enquadramentos escolhidos para valorizar (em vez de dissimular) a ausência de uma dramaticidade convencional, a banda de som riquíssima onde toca um rádio que ficou ligado e que Emma ouve ao voltar a si de um desmaio, ou o vento que faz mexer durante horas o varal de um hotel) indicam qual o tipo de trabalho com a linguagem cinematográfica que interessava ao realizador.”
Segundo Torre Nilsson, numa entrevista da época, ‘para além das peripécias psicológico-argumentais de Dias de Odio tentei mostrar o incessante contraponto do homem com a sociedade. Daí deriva a transfiguração de Buenos Aires num âmbito definido por uma personagem; ainda que a incomunicação de Emma tenha razões próprias dos romances, a sua peregrinação solitária, que hoje parece antecipar as heroínas inertes de Antonioni, tem por cenário uma cidade hostil, uma fábrica humilhante, um quarto sombrio de pensão.”
(Edgardo Cozarinsks: Do Cinema, Lisboa, Livros Horizonte, 1983.)
Borges não aprovou essa primeira adaptação para o cinema de um texto seu.