IMAGENS DO POVO


A Imagem do Povo na História

As tropas napoleônicas estavam prestes a invadir Portugal quando D. João VI decidiu fugir para o Brasil. A corte portuguesa entrou em desespero, mas foi preciso disfarçar a fuga para evitar a fúria do povo ao perceber-se abandonado. A nobreza estava em pânico. Tudo era tão grotesco que a frase mais racional naquele momento foi dita por uma louca, a rainha D. Maria I, aos que conduziam correndo seu coche: “Não corram tanto! Vão pensar que estamos fugindo”.

Este medo do levante popular foi herdado pela elite brasileira que, desde sempre, preocupou-se em construir a imagem de que somente ela faz a história. Vem daí o mito da “passividade” do índio e do negro, bem como de toda a sociedade brasileira. Felizmente, nossa historiografia mais recente aprofundou-se no estudo das revoltas de caráter popular, mostrando que a história resulta da ação dinâmica de todos os homens, sem distinção de raça, posição social ou religião.
A mostra Imagens do Povo vem de encontro a esta linha de pensamento. Idealizada numa parceria entre CINUSP, Cineclube Pandora e CineFAU, esta mostra será parte integrante do seminário Movimento Popular e Universidade que ocorrerá no mês de maio na Cidade Universitária. A diversidade dos filmes busca provocar o debate entre os estudantes e aqui estão alguns pontos de partida, basta começar.

Fransueldes de Abreu, programador do CINUSP e organizador geral da mostra.