CINEMA BRASILEIRO 2000


O incensado e combatido "Renascimento" do cinema brasileiro, após a quase extinção no início da década de 90, foi amparado em políticas de isenção fiscal. Modelo possível para o momento em que foi elaborada, a Lei do Audiovisual apresenta hoje sinais de esgotamento. Bem ou mal, tais políticas incrementaram a produção, porém não foram suficientes para trazer de volta o público que, arredio e assustado, tem caminhado lentamente para as salas de exibição quando o filme é nacional. Dessa forma, o cinema do Brasil atual elegeu como prioridades a reestruturação das formas de incentivo e o reencontro com seu público.
A mostra "Cinema Brasileiro - 2000" pretende ser mais uma forma de possibilitar a aproximação entre as pessoas e o cinema nacional, trazendo a produção de alguns filmes recentemente exibidos (ou ocultados) no circuito comercial para dialogar com um público possível.
A atual produção certamente é desigual e a escolha dos filmes que comporiam essa mostra não se deu por aquilo que julgássemos suas qualidades apenas, mas sim por uma tímida tentativa de construir um painel em que estivessem representadas algumas das tendências da recente produção brasileira, de forma a possibilitar a criação de um repertório próprio por parte do público e que lhe permita avaliar, com mais autonomia, o que de fato se faz no cinema do Brasil.
Dessa forma, a mostra "Cinema Brasileiro - 2000" aponta (e não agrupa) filmes de várias tendências, como por exemplo, os de cunho histórico (Mauá, No Coração dos Deuse), de temática urbana- contemporânea (Um Copo de Cólera, Até que a Vida Nos Separe), infantil (Castelo Rá-Tim-Bum). Enfim, as divisões podem ser as mais variadas, e nada garante que qualquer um desses filme escape desta ou daquela classificação. Se quisermos (e queremos) acrescentar mais lenha a esta fogueira, podemos concluir citando a sempre lúcida visão do crítico Inácio Araújo, em artigo para o número dois da Revista Sinopse, dedicada a recente produção brasileira: “A única tendência que consigo discernir, e talvez não seja propriamente estética, é a do salve-se quem puder.”

Fransueldes de Abreu.