THE FUNNY COMEDY FILM FEST - 1º FESTIVAL INTERNACIONAL DE COMÉDIAS ENGRAÇADAS


Apresentação

O Brasil, sempre lembrado por sua cordialidade, espírito alegre e seu bom humor, produz poucas comédias. Tanto nossa TV - limitada a dois ou três programas humorísticos - quanto nosso cinema produzem pouco material cômico e, mesmo o que é feito, baseia-se no humor radiofônico - um humor mais falado que visual.
Apesar de esforços isolados - Ankito, Oscarito, Mazzaropi, Walter D'Ávila - e alguns elementos das pornochanchadas, nossa produção cômica audiovisual permaneceu muito limitada em relação a seu potencial de desenvolvimento.
Poucos artistas se dedicaram à escrita humorística cinematográfica e televisiva, com exceção de Marcos Rey, cujas histórias e roteiros, infelizmente, foram em geral mal produzidos, devido à coincidência com a era das pornochanchadas.
Estaria a comédia realmente fadada ao preconceito e à estagnação em nosso país?
Quando refletimos sobre o desenvolvimento da produção audiovisual nacional, é sempre bom termos em mente que o cinema italiano, por exemplo, durante muitos anos apoiou sua indústria cinematográfica em comédias (o que permitiu a sustentação contemporânea de obras como as de Fellini, Antonioni e Visconti, por exemplo) e que a TV americana tem como carro-chefe, desde o seu início nos anos 50, as popularíssimas "sitcoms" (situation comedies), que exploram o cômico do dia-a-dia das pessoas comuns (I), como os mais recentes seriados Seinfeld ou Um Amor de Família, enfocando um público jovem.
A cinematografia cômica americana, desde seu surgimento, sempre se baseou em roteiros, mas com grande enfoque nos "gags" visuais, que encontramos em Charles Chaplin, Keystone Kops, Buster Keaton, Max Linder, Harold Lloyd, Laurel and Hardy, entre outros. Posteriormente, com o advento do som, a produção cômica apoiou-se em comédias com sofisticada utilização da fala para gerar o riso (Ernst Lübitsch, Preston Sturges, Billy Wilder, Irmãos Marx, etc.). Por que o humor produzido no Brasil apoia-se fortemente nas paródias e no deboche?
Dentro desse contexto, a criação do Festival Internacional de Comédias Engraçadas , o FUNNY COMEDY FILM FEST, procurará contribuir para incentivar, ao longo de suas edições, a utilização da linguagem audiovisual e cinematográfica na expressão do humor, e acreditamos que o caráter internacional do evento criará um fórum onde as modalidades cômicas de várias culturas poderão se encontrar e se expressar.

Louis Chilson, diretor de filmes e diretor artístico do Funny Comedy Film Fest.

Nosso Homenageado: Carlos Manga

Levado para os estúdios da Atlântida pelo ator Cyll Farney, o carioca Carlos Manga (1928) teve de começar por baixo, no almoxarifado, exercendo em seguida as funções de contra-regra, assistente de montagem, assistente de direção e diretor de cenas musicais. Recebeu influência de Watson Macedo, J.B. Tanko, José Carlos Burle, e a pôs em prática numa série de comédias iniciada com Dupla do Barulho (1953).
Em pouco tempo superou seus mestres, revelando-se como o mais inteligente diretor de chanchadas e o mais sofisticado dos parodistas. Nem Sansão Nem Dalila (1954), Matar ou Correr (1954), De Vento em Popa (1957) e O Homem do Sputnik (1958) têm vaga em qualquer antologia da comédia cinematográcia nacional. Depois de muitos anos longe do cinema, ganhando a vida como publicitário, arriscou-se numa aventura policial (O Marginal, 1974), reconciliou-se com a comédia (Os Trapalhões e o Rei do Futebol, 1986), para afinal se consagrar na Rede Globo como diretor artístico de minisséries.
O FUNNY COMEDY FILM FEST 2003 tem a honra de receber este ilustre cineasta nos seguintes eventos:
27/9/2003, sábado - Carlos Manga fala sobre cinema, comédia, publicidade e TV no Centro Cultural São Paulo, às 18:00
28/9/2003, domingo - Carlos Manga recebe o troféu "Torta na Cara" de ouro pelo conjunto de sua obra cômica no Teatro Municipal de Osasco.