IMAGENS DA METRÓPOLE NO BRASIL E NA FRANÇA


Imagens da Metrópole na França e no Brasil: Representações Modernas e Contemporâneas

As metrópoles modernas construíram-se num mesmo processo que viu desenvolver-se a reprodução técnica de imagens. Desde então, o que imaginamos de revolucionário em inventos como a fotografia e o cinema, não raro tem sido posto lado a lado com as transformações sociais e revoluções da ordem pública que se verificaram na história. É como se nos atraísse algo de um espelhamento recíproco entre os dois fenômenos, as novas ordenações da sociedade e os processos de reprodução da imagem. O cinema, como poderoso construtor de almas (na fórmula de Lênin), tornou difícil que o cidadão imaginasse qualquer metrópole sem ter que articular a propósito alguma imagem típica da linguagem da câmera. Hoje, quando a TV e a Internet tornam cada vez mais indissociáveis a reprodução de imagens e a vida social, discutir a fundo uma coisa implica necessariamente a outra. O filósofo Henri Lefebvre disse nos anos 60 que o espectro do comunismo tinha sido substituído pelo espectro da violência nas grandes cidades. Do ponto de vista atual esta afirmação faz ainda mais sentido.
O objetivo desta mostra e colóquio "Imagens da Metrópole na França e no Brasil" é identificar alguns dos problemas específicos postos pela representação contemporânea da metrópole. Para melhor discutir o contemporâneo propomos cotejá-lo a certos antecedentes, sobretudo no cinema moderno que se delineia a partir dos anos 50. Tentando ir além da constatação das relações que ligam tradicionalmente cinema e cidade, a análise de um certo quadro de obras especialmente escolhidas nos casos francês e brasileiro busca examinar neste campo da construção das imagens as questões de método que o trabalho crítico solicita.

Rubens Machado Jr.