CINEMA BRASILEIRO: ESTÉTICA E POLÍTICA


Cinema Brasileiro: Estética e Política

Ver e pensar o cinema em sua face política é o que propõe a mostra Cinema Brasileiro: Estética e Política que o CINUSP Paulo Emílio apresenta neste mês. Focando a produção brasileira mais recente e olhando para outros exemplos do passado, pretendemos colocar em debate a expressão “cinema político”, que por ser na maioria das vezes redutora, limita a reflexão sobre a densa gama de relações entre estética e política, que de maneira explícita ou não, está em todos os gêneros do cinema.
Em um contexto em que o circuito comercial de exibição ainda se mostra dominado por um cinema hollywoodiano, cujo teor político encharca não só sua estratégia de distribuição, mas também suas determinantes estéticas e dramáticas, e o cinema nacional com a presença de construções formais que esvaziam seus conteúdos, torna-se fundamental o debate e o aprofundamento do olhar que temos sobre a produção cinematográfica. Principalmente, se entendermos que todo cinema é político.
A mostra é baseada numa estrutura de duplas de filmes que têm como objetivo um desenvolvimento do debate através de características complementares ou antagônicas entre as obras. Além dos filmes, a cada semana haverá um debate e para acompanhar as discussões foram selecionados alguns textos, críticas e trechos de obras publicadas para compor uma bibliografia da mostra.
Na primeira semana, a discussão será em torno dos diferentes retratos dos artistas nos filmes Cazuza - O Tempo Não Pára e Madame Satã. Na segunda, faremos um debate sobre novas condições e propostas na realização de filmes, com O Prisioneiro da Grade de Ferro e uma seleção de curtas produzidos na periferia. A discussão também pretende abordar criticamente o papel das oficinas de inclusão audiovisual. Na terceira semana, trataremos dos debates que marcaram as relações entre cinema e política desde os anos 60 e as inúmeras mistificações que perduram até hoje, com a exibição dos filmes Terra em Transe, O Vento do Leste e a pré-estréia de O Signo do Caos. Na última semana discutiremos as abordagens contemporâneas das temáticas políticas em Quase Dois Irmãos e Cabra Cega.
Há quem diga que é no conteúdo, na mensagem que o filme nos passa que podemos encontrar sua força política. Outros, pelo contrário, defendem que a política está unicamente na construção formal da obra. Há ainda, os que negam a separação entre forma e conteúdo e buscam a face política na unidade concreta do filme, em como ele se relaciona com o mundo. Está aberto o debate. Convidamos todos a participar das mesas de discussão, ler os textos e sobretudo, ver e rever os filmes.

Lucas Keese.