REMAKES
Para o período de férias, o Cinusp “Paulo Emílio" traz a mostra Remakes, com a versão mais recente de histórias que já foram filmadas anteriormente. De clássicos da literatura, como Oliver Twisl, livro de Charles Dickens, ou Lolila, de Vladimir Nabokov, à grandes fábulas modernas tal qual A Fantástica Fabrica de Chocolate, muitas vezes Hollywood recorre a uma história já utilizada por um diretor para obter um sucesso de bilheteria. Seria falta de criatividade em inventar novos enredos ou vontade de recontar de maneira mais atual uma trama considerada interessante?
O fato é que diversos diretores consagrados têm bebido desta fonte nos últimos anos. Considerado um dos maiores diretores de Hollywood, Steven Spielberg refilmou recentemente Guerra dos Mundos, clássico de ficção cientifica de 1953. O mesmo ocorre com Tim Burton e A Fantástica Fabrica de Chocolate, cujo original data de 1971. São remakes relevantes se considerarmos o avanço dos recursos cinematográficos que permitem uma maior verossimilhança, no caso de Spielberg, e um espetáculo visual fabuloso, no caso de Burton.
Muitas vezes o remake existe para adaptar à maneira hollywoodiana filmes feitos em outros países. Hollywood tem o poder de tornar, com um elenco estelar e recursos milionários, filmes antigos muito mais atrativos ao grande público. E muito mais lucrativos para essa industria cinematográfica. E o caso de Vanilla Sky, com Tom Cruise, Cameron Diaz e Penélope Cruz; refilmagem do excelente filme espanhol Preso na Escuridão; ou de Solaris, com George Clooney, versão de Soderbergh para o homônimo russo de Andrei Tarkovsky. Dança Comigo? É outro exemplo deste tipo de adaptação, cujo original, de mesmo nome, foi dirigido pelo japonês Masayuky Suo. O remake possui atores do gabarito de Susan Sarandon e Richard Gere. Outro filme apresentado na mostra é o simpático Adorável Julia, que esteve em cartaz ano passado, e que rendeu a Annetle Bening a indicação ao Oscar de melhor atriz em 2004 e conta com Jeremy Irons no elenco.
Recentemente, uma onda de adaptações de filmes de terror japonês invadiu o cinema americano. O filme Água Negra (que embora dirigido pelo brasileiro Walter Salles, trata-se de uma produção americana), é um dos mais recentes, significativos e bem sucedidos exemplos dessa onda.
Ainda é relevante comentar a respeito dos remakes sobre a sua inevitável comparação com seus originais. Lolila, de Adrian Lyne, apresentado nesta mostra, é a refilmagem audaciosa de uma das maiores obras do grande diretor Stanley Kubrick. Audaciosa, vale dizer, por recontar uma história que já foi magnificamente adaptada para o cinema por Kubrick, tornando-se um clássico da cinematografia desse aclamado diretor.
Vale destacar ainda Cabo do Medo, um dos melhores filmes dc Martin Scorcese. Esse é um caso cujo remake supera seu original (no caso Circulo do Medo, de J. Lee Thompson) de maneira a torná-lo quase obsoleto.
Em suma, a mostra remakes traz, além de adaptações de grandes enredos já filmados anteriormente, produções com grandes diretores, elencos e, certamente, histórias já consagradas.
Ricardo Mordoch.