O CINUSP Paulo Emílio apresenta a Mostra Fronteiras, uma seleção de filmes que tem como objetivo debater a problemática dos conflitos geopolíticos e da identidade neste contexto, os quais têm como origem fatores políticos que se mesclam a razões econômicas, sociais e religiosas.
Atritos geopolíticos entre regiões ideologicamente opostas são vistos todos os dias - conflito palestino- israelense, a invasão do Iraque pelos Estados Unidos - mas raramente observamos o cotidiano das pessoas afetadas e pouco questionamos nossos próprios conflitos locais, como a tomada de posse de uma terra por um latifundiário e a consequente expulsão de uma tribo indígena da região; casos como esses podem ser vistos nos filmes Lemon Tree, Tartarugas Podem Voar e Terra Vermelha.
Quando se sente individualmente as consequências de uma crise governamental, econômica e social, procura-se no lugar das "oportunidades", aquilo que não se consegue onde se está: uma vida melhor, mais digna. A sobrevivência já não é mais suficiente, e nessa busca uma pessoa pode se submeter a situações drásticas - uma menina pode ser uma "mula", carregando drogas em seu próprio estômago, visto no filme Maria Cheia de Graça; homens correm o risco de nunca mais voltarem para seus países, como em Bako, a Outra Margem.
Ações de caráter político, que atingem objetivamente a vida das pessoas, também podem afetar suas subjetividades, alterando a maneira como as mesmas enxergam suas identidades - seria possível a preservação da identidade em uma situação como a queda do Muro de Berlim visto em Despedida de Ontem? Ou como não questioná-la quando se entende que a recusa de sua nacionalidade nada mais é do que uma mera ação burocrática aos olhos do Estado, exemplificado no filme Um Passaporte Húngaro?
Depois de assistir tais filmes, esperamos que os sintomas em comum desses conflitos - tanto de caráter objetivo como subjetivo - sejam reconhecidos, e que não haja mais distinção entre um confronto de potência mundial e problemáticas locais.
Boas Sessões!

Bruna Carvalho, Daniel Ifanger, Jacqueline Plaça e Rafael Nantes.