SHAKESPEARE NO CINEMA - PARTE 2


Seguindo a primeira parte da mostra Shakespeare no cinema, o CINUSP “Paulo Emílio” apresenta a mostra “Shakespeare no Cinema - Parte 2”, oferecendo novos filmes que ampliam a gama de adaptações do dramaturgo inglês William Shakespeare.
Nessa segunda parte, o recorte é de adaptações mais livres das peças de Shakespeare, filmes que de alguma forma modificam a unidade da peça, alterando seu contexto artístico original. Essas modificações podem ser no campo da linguagem, do contexto histórico, do texto, e até mesmo da narrativa da peça.Uma pergunta que poderá surgir é: por que exibir filmes que alteram o texto original de Shakespeare, se ele por si só já é tão rico e completo? A resposta é a derivação desta justificativa, pois o texto de Shakespeare é tão profícuo que se potencializa nas alterações que sofre. A adaptação de certos elementos revela outras faces, novas expressões que não estavam tão evidentes na configuração primeira das peças. Adaptar não é sinônimo de realizar uma cópia literal, mas sim transpor as questões originais para que ganhem forma em outro meio.
Embora possa parecer que este tipo de adaptação é recente no cinema, desde a metade do século XX já se faziam filmes dentro desse formato. E o que demonstra Noite Insana, de 1962, em que a trama de Otelo é adaptada para uma noite de jazz em Londres, com a participação de Dave Brubeck e Charles Mingus.

A modernidade, porém, traz readequações históricas potentes, como a adaptação da clássica cena do “Ser ou não sei'...” em “Hamlet” para uma locadora de vídeos no Hamlet de Michael Almereyda, de 2000. Peter Greenaway, dentro do mesmo período, integra a mostra com A Última Tempestade, de 1991, em que atualiza a peça “A Tempestade” com sua linguagem característica, baseada na simultaneidade e rigor estrutural.
Dentro da mostra, também estão filmes em que a influência da peça é mais sutil, porém presente. E o caso de Rei Leão, animação baseada em “Hamlet”, e West Side Story adaptação musical cuja história é derivada de “Romeu e Julieta”. Por mais que esses dois filmes tenham personagens e texto que fogem do original, o tema das peças se mantém, como o amor impossível, em West Side Story.


A mostra conta também com outras duas adaptações de “Hamlet”: uma para o teatro, transformada em filme, dos diretores José Celso Martinez Corrêa e Tadeu Jungle, com o nome de Ham-let. A outra é uma adaptação de 1970 do diretor Ozualdo Candeias, chamada A Herança, que transpõe a tragédia de Hamlet para o interior brasileiro no fim do séc. XX.
A partir dessa grande diversidade de adaptações, pretendemos evidenciar a importância de Shakespeare para o cinema, e demonstrar quão grande é o material que ele oferece para ser modificado e transformado, em busca de novos significados.
Boas Sessões!

Jacqueline Plaça e Pedro Cortese.