CONFLITOS ARMADOS, MASSACRES E GENOCÍDIOS NA ERA CONTEMPORÂNEA


A mostra Conflitos Armados, Massacres e Genocídios da Era Contemporânea se volta para alguns dos momentos mais trágicos dos últimos 100 anos. Ao visar os efeitos das estratégias militares dos Estados nacionais sobre a vida social das populações civis na era contemporânea (ou seja, de 1914 em diante), os filmes da mostra abordam processos morticidas que tiveram curso durante ou em consequência de conflitos armados a partir de duas modalidades elementares: massacres e genocídios. A mostra é resultado de uma parceria entra o CINUSP Paulo Emílio e os pesquisadores do DIVERSITAS (Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos - USP), que têm se dedicado às questões correlatas a conflitos armados de larga envergadura e suas consequências sociais na contemporaneidade.

Execuções em massa, campos de prisioneiros, tortura e estupro como arma de guerra, morte por inanição, além da desarticulação das redes de sociabilidade, a destruição de patrimônios culturais e deslocamentos populacionais, constituem o lado mais obscuro das estratégias geopolíticas de nossa época. A intervenção - muitas vezes estéril - das organizações internacionais, do Tribunal Penal Internacional, das organizações não governamentais de ajuda humanitária, enfim, de instituições e poderes que não deram conta de evitar que o homem fosse o “lobo do homem”, são igualmente tematizadas em alguns dos filmes exibidos.

Com essas questões em mente, exibiremos filmes que tratam de alguns dos eventos dramáticos que marcaram a primeira metade do século XX: o Genocídio Armênio (de 1915-17, Screamers); a Guerra Civil Espanhola (de 1936-39, O Labirinto do Fauno); o Holocausto Judeu (de 1938-45, Arquitetura da Destruição); o Massacre de Nankim (em 1938, Flores do Oriente); o Massacres de Katyn (em 1940, Katyn); os ataques incendiários a Tókio durante a Guerra no Pacífico (em 1944, Túmulo dos Vagalumes); as bombas de Hiroshima e Nagasaki (em 1945, Rapsódia em Agosto). A mostra relembra também conflitos mais recentes, de meados do século passado até os dias de hoje, como a Guerra do Vietnã (de 1955-75, Corações e Mentes); as ditaduras militares no Cone Sul (anos 1960-70, Escola das Américas); o Massacre de Chatila (em 1982, Valsa com Bashir); o Genocídio de Ruanda (em 1994, Tiros em Ruanda), o Genocídio de Srebrenica (em 1995, Na Terra do Amor e Ódio); o conflito Israeli-Palestino (de 1947 até hoje, Paradise Now e Cinco Câmeras Quebradas); o Genocídio de Darfur (de 2003 até hoje, Darfur) e as violações de direitos no contexto de “Guerra Preventiva ao Terror”, levada a cabo pelos Estados Unidos após os ataques de 11 de setembro de 2001(abordadas pelo documentário Caminho para Guantanamo).

Ao mapear tão largo espectro, a mostra busca compreender as dinâmicas econômicas, as conjunturas políticas, os regimes ideológicos, as práticas diplomáticas e as estratégias de guerra nesses momentos, sem restringir-se às baixas militares ou civis puramente nos conflitos armados em questão. Com o objetivo de discutir o desenvolvimento histórico e geopolítico de cada um dos conflitos abordados, o CINUSP Paulo Emílio e o Diversitas promovem palestras às terças e quintas-feiras logo após as sessões das 19 horas. Entre os palestrantes, contaremos com professores especialistas e membros do Diversitas que debaterão acerca dos conflitos e morticínios de que tratam os filmes exibidos. Desse modo, a mostra constitui uma oportunidade para refletir e discutir sobre o flagelo humano e o direito à existência, nos momentos em que a humanidade mais careceu de justiça - quando o pior do homem foi vertido contra o próprio homem.

Boas sessões!