ALAIN RESNAIS: O REVOLUCIONÁRIO DISCRETO
Neste dia 3 de junho de 2013, o francês Alain Resnais completa 91 anos de idade e segue dirigindo filmes na condição de um dos mais importantes, prestigiados e originais cineastas em atividade. Aproveitando a ocasião, o CINUSP Paulo Emílio, em parceria com a Cinemateca da Embaixada da França no Brasil, apresenta uma mostra em homenagem ao realizador, na qual estão reunidos dez de seus mais importantes longas-metragens, além de cinco dos curtas-metragens que dirigiu no início de sua carreira e de um documentário sobre sua vida e obra, produzido pela televisão francesa em 1980.
Nascido em 1922 na cidade de Vannes, Resnais cursou montagem e edição na famosa escola do IDHEC, realizou experimentos com uma câmera 16mm e trabalhou como montador em filmes como Paris 1900, dirigido por Nicoles Védrès em 1947. Ao longo das décadas de 1940 e 50, seguiu realizando documentários de curta-metragem por encomenda, como Van Gogh, que lhe rendeu um prêmio na Bienal de Veneza de 1948, e Noite e Neblina, documentário sobre a máquina de extermínio nazista que causou polêmica e comoção em 1956. Conquistou definitivamente fama e prestígio com os dois primeiros longas-metragens que dirigiu, ambos marcos do cinema moderno criados em torno de investigações sobre a memória: Hiroshima, Meu Amor, de 1959, roteirizado pela escritora Marguerite Duras, e O Ano Passado em Marienbad, de 1961, escrito por Alain Robbe-Grillet, outro representante da vanguarda literária do chamado novo romance francês. Depois dessas obras-primas do cinema, Resnais construiu uma sólida carreira durante as décadas seguintes, mas foi reencontrar o prestígio simultâneo do público e da crítica apenas no final dos anos 1990, com Amores Parisienses, e no início dos anos 2000, como Medos Privados em Lugares Públicos, duas comédias românticas de costumes de grande sucesso nas bilheterias e multipremiadas em festivais ao redor do mundo.
Artista de fundamental importância para a formação do chamado cinema moderno, precursor da Nouvelle Vague e grande inovador da linguagem cinematográfica, Resnais manteve uma postura discreta em relação às suas ideias e sua vida particular, permitindo que sua obra fosse a expressão acabada de sua proposta estética. Ainda em atividade, o diretor continua transgredindo dogmas e fórmulas pré-concebidas do cinema narrativo e comercial, sem qualquer sinal de cansaço ou comodismo, em filmes que continuam sendo ousados na forma e instigantes no conteúdo. Esta retrospectiva permite uma oportuna revisão da obra de um dos mais importantes cineastas vivos, com grande parte dos filmes exibidos em cópias de 35mm, tal como originalmente concebidos.
Boas sessões!