III MOSTRA DE CINEMA DA QUEBRADA


Desde 2012, o CINUSP Paulo Emílio organiza debates e mostras anuais sobre o Cinema da Quebrada na USP. A ideia e motivação dos programas exibidos é criar espaço na universidade, para as produções de coletivos e artistas baseados em bairros periféricos, até então pouco difundidas nos circuitos cinematográficos e que muitas vezes passam ao largo da crítica. Essa produção enriquece o debate acadêmico ao incluir novas vozes e agentes produtores de arte e cultura no âmbito da educação formal.A discussão do próprio conceito de cinema da quebrada, é assunto privilegiado das mostras, curadas a cada ano por um realizador externo ao CINUSP, um participante daquilo que, somente de maneira bastante fluída, poderia ser caracterizado como um “movimento”, sem centro nem periferia, sem hierarquia ou estrutura institucional, e cuja tendência talvez seja a de ocupar a cena dos festivais, eliminando assim, ou ao menos reduzindo, os próprios contornos que o especificam.

Cada curador externo trabalhou junto à equipe do CINUSP na seleção e organização da grade de programação e debates. A ideia é que a partir mesmo dessa experiência de conceituação e elaboração do material se estabeleçam novas trocas, incluindo aí os inevitáveis atritos que elas geram. A primeira mostra teve curadoria de Renato Cândido, bacharel e mestre pela ECA, professor e diretor de cinema. Essa primeira edição da mostra do cinema da quebrada, trouxe para a universidade realizadores que a partir de seus núcleos originários extrapolaram os limites de suas comunidades. O debate entre alunos da USP e, realizadores da quebrada paulistana e carioca expressou algumas das muitas diferenças que existem no campo das quebradas.

A segunda mostra contou com o olhar de Thaís Scabio, do Núcleo de Audiovisual do JAMAC no Jardim Miriam, que optou por realizar uma chamada de trabalhos audiovisuais. Recebemos inscrições do Brasil inteiro, que compuseram uma diversidade de temas e abordagens, posicionando lado a lado produções de grandes centros urbanos e aldeias indígenas. A terceira mostra tem curadoria de Wilq Vicente, aluno de mestrado em Estudo Culturais na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, e que foi membro do Coletivo de Vídeo Popular de São Paulo. Essa edição faz uma homenagem a Associação Brasileira de Vídeo Popular (ABVP), por seu papel precursor na atenção ao vídeo em conexão com movimentos e ou comunidades populares, além de outros três eixos temáticos.

Para além das nossas salas na Cidade Universitária e no Centro Universitário Maria Antônia, a mostra será estendida a outros espaços, fortalecendo o sentido de extensão e parceria entre universidade e comunidade externa. Diversos espaços receberão debates com realizadores e outros agentes desse meio mantendo a multiplicidade de vozes inerente ao tema. Acompanhando a mostra, publicaremos novo volume da Coleção CINUSP organizado por Wilq Vicente e pela equipe do CINUSP, que atualiza a discussão sobre a produção contemporânea popular, da quebrada e, ou, da periferia, evidenciando o papel político e estético do audiovisual. O volume, composto por entrevistas e ensaios, levanta as questões: Existiria um cinema da Quebrada? O que vem a ser a quebrada? Relaciona-se a uma topologia, uma estética ou posição social?

Convidamos todos a participarem da reflexão proposta nessa III MOSTRA DE CINEMA DA QUEBRADA DO CINUSP, e apreciarem uma produção heterogênea, crítica e pulsante, que dá novo fôlego à criação audiovisual brasileira.