IV MOSTRA DE ANIMAÇÃO
Aproveitando as férias escolares, o CINUSP Paulo Emílio realiza sua IV Mostra de Animação entre os dias 6 a 31 de julho, em suas salas na Cidade Universitária e na Rua Maria Antônia. Com XX longas em sua programação, a mostra exibe animações recentes de 8 países, desde sucessos de bilheteria a filmes de difícil acesso no Brasil.
São destaques da mostra o último filme do diretor japonês Hayao Miyazaki, Vidas ao vento, e outros dois filmes de seu Studio Ghibli. Um deles, When Marnie Was there, nunca foi exibido no país. Outra referência da animação internacional, o francês Michel Ocelot, também é prestigiada com a exibição em 3-D de seu filme Contos da Noite.
A produção nacional é pautada com longas como Minhocas, o documentário Luz, anima, ação, a exibição de uma retrospectiva de curtas produzidos na Universidade de São Paulo e sessões especiais com realizadores de animações em processo de execução (o longa Zoom e o curta Oceano).
Também fazem parte da mostra exibições de cópias dubladas de filmes recentes da Disney (Frozen), Pixar (Universidade Monstros) e Warner (Uma aventura lego).
As sessões acontecem todo dia útil no favo 4 da rua do Anfiteatro na Cidade Universitária, e aos finais de semana no Centro Universitário Maria Antônia, no centro. Todas as sessões são gratuitas.
Pela quarta vez o CINUSP Paulo Emílio ocupa a programação do mês de julho exclusivamente com filmes de animação. Contando com o apoio da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e do Institut Français, A IV MOSTRA DE ANIMAÇÃO apresenta seleção de obras recentes, originárias de diferentes países e de técnicas e estilos múltiplos, que tiveram posição de destaque no cenário internacional, indo de grandes sucessos de bilheteria a filmes de difícil acesso no Brasil, mas ainda assim de certa repercussão em festivais. O conjunto de filmes escolhidos manifesta a abrangência da produção de animação contemporânea, dialogando com os mais diversos gêneros cinematográficos e se voltando a diferentes faixas etárias. Além das produções de fora, a mostra também pautará a produção nacional, incluindo na seleção filmes brasileiros recentes e organizando encontros com realizadores do longa-metragem Zoom e do curta-metragem Oceano, ambos ainda em processo de execução. Além disso, fizemos uma seleção de curtas produzidos ao longo das últimas décadas na Universidade de São Paulo, com o intuito de promover uma reflexão sobre o espaço que esse tipo de produção vem ocupando no país.
Este ano selecionamos alguns títulos da Walt Disney Pictures, referência na produção de animação, e que realiza há muitos anos filmes notórios pelo apuro técnico e pela relevante influência cultural e econômica que exercem. Frozen - Uma Aventura Congelante, embora muito recente, já demonstra seu potencial para figurar entre os clássicos da Disney, tanto por sua riqueza de imagens e trilha musical, quanto por consolidar uma renovação de seus próprios paradigmas de tratamento das tradicionais personagens de princesas, tornando-as mais ativas e dando a elas um novo tipo de protagonismo. Denotando a apropriação cultural, prática frequente nas produções dos estúdios Disney, bem como a influência do anime produzido no Japão, outro grande pólo de produção de filmes de animação, Operação Big Hero adapta os super-heróis da história em quadrinhos homônima da Marvel para uma narrativa mais voltada ao público infantil e a localiza num contexto futurista tendo como pano de fundo a cidade de San Fransokyo, fusão entre as cidades de São Francisco e Tóquio.
Também ocupam posição de destaque as produções do estúdio Pixar, subsidiário da Disney, do qual exibiremos Universidade Monstros. Este filme conta a história pregressa dos protagonistas de Monstros S.A. (2001) e alcançou a terceira maior bilheteria da história da Pixar, perdendo apenas para Procurando Nemo e Toy Story 3. Ainda no mesmo contexto de produções de grande porte, exibiremos Uma Aventura Lego, que traz para o cinema personagens que já habitam o imaginário infantil há muito tempo: os bonecos articulados e blocos de encaixar da marca Lego. Fechando a lista de filmes norte-americanos, Os Boxtrolls utiliza a técnica de animação em stop-motion 3D para contar a história de um garoto criado por criaturas que vivem do lixo deixado pelos humanos.
A mencionada influência da animação japonesa no contexto mundial deriva em parte da produção do Studio Ghibli, do qual exibiremos três títulos, e que tem entre seus fundadores o mestre Hayao Miyazaki. Diferentemente das animações Disney, nem todos os filmes deste estúdio se limitam à temática infantil. É o caso de Vidas ao Vento, filme mais recente de Miyazaki e seu último longa-metragem, em cujo lançamento o diretor anunciou sua aposentadoria. Nele acompanhamos a história de um jovem que vai atrás do sonho de construir aviões. Outro filme do Ghibli programado na mostra é O Conto da Princesa Kaguya. Baseado em O Conto do Cortador de Bambu, que é considerada a mais antiga narrativa japonesa, o filme exibe desenhos com traços similares a sumi-ê, técnica de pintura com influências da caligrafia chinesa. Já When Marnie Was There, adaptação do livro homônimo da escritora inglesa Joan G. Robinson, é o último lançamento do Studio Ghibli, ainda inédito no Brasil.
Na Europa também existe uma produção corrente e um importante circuito de festivais de animação. Um destaque desse circuito é o irlandês Song of the Sea, filme de grande riqueza visual, que resgata o folclore nacional na história da menina que tem o poder de se transformar em foca. Contos da Noite - dirigido por Michel Ocelot, o mesmo da série de filmes do personagem Kiriku - utiliza a técnica de teatro de sombras e será exibido em 3D, excepcionalmente, no auditório A do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da ECA. Seguindo algumas tendências contemporâneas, essa cinematografia europeia explora a frequente prática de adaptações de HQs para filmes de animação. É o caso do tcheco Alois Nebel, filme em preto e branco que descreve o cotidiano de um ferroviário no período da cortina de ferro, e o espanhol Arrugas, história de amizade de Emílio e Miguel, dois idosos que vivem no mesmo asilo. Já Aprovado para Adoção é uma rememoração autobiográfica do diretor Laurent Boileau Jung, nascido na Coreia do Sul e que, quando criança, foi encontrado vagando pelas ruas de Seul até ser resgatado por um policial e adotado por uma família belga. Misturando cenas em live-action com animação, O Congresso Futurista é um filme voltado para o público adulto sobre uma atriz de meia idade - Robin Wright no papel dela mesma - que recebe a proposta de escanear sua imagem para se tornar uma atriz virtual.
Representando a cada vez mais expressiva produção latino-americana, exibiremos o argentino Um Time Show de Bola, que brinca o imaginário do futebol ao dar vida a jogadores de um time de pebolim. Demonstrando as contribuições do Brasil a esse cenário, nosso país está representado por seu primeiro longa em stop motion: Minhocas. A bagagem acumulada e a atual efervescência da produção de animação no Brasil é tamanha que rendeu material para a produção do documentário que integra a mostra, Luz, Anima Ação. O filme discute o boom da animação no país, retomando o histórico da produção a partir de O Kaiser, curta-metragem de 1917 considerado o primeiro filme de animação brasileiro.
Complementando o comentário sobre a produção no Brasil, serão realizadas sessões especiais, uma de animações de curta-metragem produzidas na USP, seguida de encontro com os realizadores do curta-metragem de animação em rotoscopia Oceano, que comentará o processo de realização, ainda em curso, e outra com os realizadores de Zoom, longa-metragem que lança mão da mesma técnica e está em processo de finalização.