RIA, PALHAÇO!
Respeitável público! O espetáculo vai começar! O CINUSP tem o orgulho de apresentar de 4 a 20 de dezembro a mostra Ria, palhaço!, em parceira com o coletivo CIRCUSP, grupo interdisciplinar de pesquisas circenses, formado por alunos, profissionais e professores da Universidade de São Paulo. As atrações incluem filmes brasileiros e internacionais de diversos estilos e épocas, em que o palhaço é representado no circo (com ou sem lona), na rua ou na estrada.
Tem palhaço que trabalha em circo fixo. É o caso do palhaço Chocolat, que saiu do anonimato para atuar nas grandes apresentações do Nouveau Cirque de Paris, renomada casa de espetáculos do final do século XIX. Chocolat foi um dos primeiros palhaços negros da França e, juntamente com Foottit, foi pioneiro na apresentação da dupla composta por um palhaço negro e um palhaço branco. No dia 12, às 19h, haverá exibição do filme seguida do debate “Palhaço, educação e racismo”, com a participação da palhaça, filósofa e pesquisadora em pedagogia das máscaras Cida Almeida; do palhaço, professor e coordenador da Escola de Jovens Artistas do Doutores da Alegria Heraldo Firmino; e da palhaça e mestranda em Artes Cênicas pela ECA-USP Mariá Guedes.
Mas o circo não precisa do luxo do Nouveau Cirque de Paris para existir. O menino Jonas, de apenas 13 anos, mostra que é possível improvisar um circo no quintal de casa e fazer a felicidade da criançada do bairro. Essa história é contada no brasileiro Jonas e o circo sem lona, de Paula Gomes. O filme foi exibido em vários países e recebeu o Prêmio do Público no Festival de Toulouse, na França, entre outros.
Tem palhaço que faz o circo na rua mesmo. No documentário Se essa rua fosse minha, palhaços e outros artistas de rua contam suas experiências e fazem seu trabalho com muita alegria, apesar dos preconceitos que sofrem frequentemente. No dia 6, às 19h, haverá exibição do filme seguida de debate com a fotógrafa, produtora audiovisual e diretora do filme Júlia Piccolo Von Zeidler, e com o palhaço Pixuxu, artista circense de rua e fundador e palhaço na companhia Circo Bem Bolado de São Bernardo do Campo.
Tem palhaço que está sempre em movimento. Deserto, estreia do ator Guilherme Weber como diretor, traz uma trupe itinerante de velhos comediantes. Livremente inspirado na obra Santa Maria do Circo, do mexicano David Toscana, o filme adapta a realidade dos desertos do México para o sertão da Paraíba. Palhaços e outros artistas também se deslocam constantemente de uma cidade a outra em Noites de circo, de Ingmar Bergman, e no premiado A estrada da vida, de Federico Fellini.
E tem até mesmo palhaço sagrado! Para os índios Krahôs, do norte do Tocantins, riso é coisa muito importante. Hotxuá é o nome que se dá ao sacerdote do riso designado pelos Krahôs para fortalecer e unir o grupo através da alegria, do abraço e da conversa. É um índio que brinca, faz rir e é responsável pela harmonia da aldeia. O filme foi premiado no Festival de Cuiabá e no FestCine Amazônia e exibido no Festival de Toulouse, na França.
Apesar das diferenças, o que todo palhaço tem em comum é o riso. O palhaço ri e faz os outros rirem, independentemente da situação. O palhaço triste deixa de lado suas amarguras e decepções na hora do espetáculo para despertar a gargalhada geral. É o que ensinam os palhaços de O palhaço, de Selton Mello, e Ridi, pagliacci!, filme silencioso de 1928.
A mostra conta também com o curta-metragem Click, de Elias Mingoni, Monstros, de Tod Browning, e o clássico Dumbo, no qual o pequeno elefante, alvo de risos por suas orelhas enormes, acaba sendo integrado ao número de palhaços no circo e revela seu grande talento.
O CINUSP convida o público a rir e se divertir com os filmes da mostra e com as atrações especiais.
Bom espetáculo!
Coletivo CIRCUSP
Henrique Casimiro
Lúcio Maia
Marco Guerra
Maria Carolina Gonçalves