PARA GOSTAR DE CINEMA


Entre 17 de fevereiro e 08 de março, o CINUSP realiza a oitava edição da mostra PARA GOSTAR DE CINEMA, exibindo filmes de doze países e salientando uma pluralidade estética, temática e geográfica. Em comum, as obras propõem uma experiência cinematográfica capaz de fascinar tanto os já aficcionados pela sétima arte quanto aqueles que ainda estão no processo de se aprofundar no que é produzido no cinema mundial. Os longas aqui destacados são notáveis pelo seu grande apelo visual, sonoro e narrativo, revelando a força do cinema enquanto arte articuladora desses elementos, além do impacto emocional e sensorial provocado por esses filmes.

É o caso do francês Playtime - Tempo de diversão, que realiza uma sátira surrealista da vida moderna, onde as cidades são labirintos de concreto, aço e maquinaria capazes de engolir aqueles que por elas perambulam. O italiano Era uma vez no Oeste, por outro lado, recua no tempo para retratar o velho oeste norte-americano, em um western que ao mesmo tempo constitui uma quebra e uma máxima do gênero. 

O alemão Asas do desejo é um retrato metafísico e poético, filmado em um belíssimo preto e branco, sobre os dilemas de um anjo que se apaixona por uma humana. Volver, por sua vez, sintetiza o melhor dos filmes de Pedro Almodóvar: elenco forte e personagens femininas bem construídas, o melodrama e cores vibrantes que remetem à bandeira da Espanha, sua terra natal.

Além de Almodóvar, outros autores de estilos singulares estão presentes na mostra: Intervenção divina, de Elia Suleiman, combina o aspecto sombrio da situação política da Palestina com esquetes cômicas e surreais, enquanto Eu matei minha mãe, filme de estreia do canadense Xavier Dolan, traz os excessos dramáticos e estéticos característicos do diretor, além de questões LGBTQ+ e em torno da figura materna. Amores expressos, de Wong Kar Wai, também reúne experimentações visuais que criam uma atmosfera singular, constituindo as marcas do aclamado realizador chinês.

Indo para as Américas, o road movie Bye Bye Brasil contrasta as cores e os exageros artístico-carnavalescos da Caravana Rolidei com um Brasil interiorano, marcado pela pobreza e pela desigualdade social. De forma similar, o estadunidense Powaqqatsi: A vida em transformação realiza um retrato poético e experimental sobre o chamado Terceiro Mundo e os embates entre sua tradição e modernidade, dispondo das imagens e da trilha musical como meios prioritários de linguagem, já que o filme não possui diálogos. O pântano, por sua vez, é um filme sobre desordem e instabilidade, que imerge o espectador num clima constante de desconforto e de um perigo iminente ao abordar os conflitos de uma família de classe-média argentina. 

Para finalizar, dois retratos da infância complementam a mostra. A adorável animação japonesa Meu amigo Totoro apresenta o personagem-título e mascote do Estúdio Ghibli, e Cafarnaum, vencedor do Prêmio do Júri em Cannes, que realiza uma abordagem obscura sobre a pobreza e o desamparo infantil no Líbano. 

Reforçando sua tarefa de apresentar ao público obras diversificadas e significativas do cinema mundial e de conquistar novos (e iniciantes) fãs de cinema, o CINUSP convida a todos a chorarem, rirem e se apaixonarem pela sétima arte com os filmes presentes na mostra – seja essa paixão de primeira viagem ou já permanente. 

Boas sessões!