MOSTRA DE CINEMAS AFRICANOS
Com curadoria de Ana Camila Esteves e Beatriz Leal Riesco o CINUSP é uma das salas que recebe a Mostra de Cinemas Africanos 2022.
O rico e diverso cinema dos países africanos deve poder ser visto e celebrado. No entanto, as dificuldades de acesso e visibilidade a esses filmes - nada relacionadas à sua qualidade, mas sim às questões de distribuição de poder no cinema mundial - afastam essas produções do público geral. O CINUSP, em parceria com a Mostra de Cinemas Africanos, traz os filmes africanos que reverberaram nos cinemas e festivais mais importantes do último ano. Do cinema de gênero, de terror, drama, ao documentário, exibiremos 10 longas metragens feitos por cineastas africanos e afrodescendentes - de países da África assim como de territórios afrodiaspóricos.
Com uma semana de programação, de 11 a 15 de julho, o CINUSP se soma às salas de cinema que fazem parte da Mostra de Cinemas Africanos. Contando, além dos filmes, com uma Conferência sobre Documentário nos Cinemas Africanos, dia 11/06, com a ilustre participação de pesquisadores e professores africanos, e com o debate com a diretora do filme “Boa Senhora”, após a exibição. A Mostra é, desde 2018, o único festival no Brasil exclusivamente dedicado aos cinemas africanos contemporâneos. Esse ano ela acontece de 6 a 20 de julho, em seis espaços - Cinesesc, Sesc Av. Paulista, Goethe-Institut, CINUSP e Circuito SPcine - exibindo 28 longas, curtas e diversas atividades paralelas.
Os dramas são sempre envolventes, e em “Cabo de Guerra”, de Amil Shivji, não é diferente. O amor proibido entre um revolucionário e uma indiana-zanzibar é turbulento, entre lutas políticas e pela sobrevivência. O drama existencial “Você Morrerá aos 20”, dirigido por Amjad Abu Alala, traz à tona questões de vida ou morte a partir da crença, com a previsão de morte dada por um xeque à um jovem. Já lidando com crença em elementos sobrenaturais, do gênero do terror, “Boa Senhora” dialoga com “Corra!” de Jordan Peele, ao abordar relações de servidão doméstica abusivas. Ainda dentro do cinema de gênero, “Geada de Netuno” de Saul Williams e Anisia Uzeyman mistura musical e ficção científica num
Os novatos e os amantes desse cinema e sua história devem ficar de olhos nos filmes que se dedicam a história do cinema africano. Como o documentário clássico “Câmera da África” de Férid Boughedir em cópia restaurada, que se vale de imagens de arquivo e variados registros, e o “Falando Sobre Árvores”, um documentário bem humorado de Suhaib Gasmelbari que acompanha a busca por reabertura de um cinema local e a história do cinema sudanês. Para os entusiastas do cinema referencial e da nouvelle vague, “Apenas um Movimento” é um documentário experimental de Vincent Meessen e Dialo Blondin Diop sobre “A Chinesa” de Godard e o único ator maoísta a participar do filme.
Abordando questões coloniais e suas reverberações culturais e socioeconômicas, o documentário “Le Malentendu Colonial”, busca explorar a relação entre os missionários alemães e a colonização. O diretor, Jean Marie-Teno, é um grande documentarista africano e estará presente em nossa Conferência dia 11/06. Elaborando sob a situação pós-colonial, em uma crítica bem humorada, "Mandabi", de Ousmane Sembène, acompanha reviravoltas da vida de um imigrante Senegalês na França dos anos 1968. Também enfocando nas questões sócio-econômicas, “A Esposa do Coveiro”, drama dirigido por Khadar Ahmed, acompanha as mazelas de uma sociedade desigual em primeira pessoa, quando a esposa do coveiro precisa de uma transplante e a família não tem condições de custear.
Como todo cinema, os cinemas africanos arrebatam, emocionam, assustam, ensinam e fazem ecoar muitas risadas. O CINUSP apresenta esses filmes com um grande prazer de sempre poder oferecer ao seu público uma programação de alta qualidade e diversidade, dessa vez com a incrível parceria com a Mostra de Cinemas Africanos.
Ótimas sessões a todos!