CURSO - VISÕES ALTERNATIVAS: A VANGUARDA CINEMATOGRÁFICA ESTADUNIDENSE

RICHARD PEÑA:

Ministra cursos como professor do programa de mestrado em Estudos Cinematográficos da Columbia University (Nova York/EUA). Tem experiência na curadoria de festivais e mostras, com ênfase no cinema internacional. Atua como diretor dos festivais New York Film Festival e New Directors/New Films do Lincoln Center.

SOBRE O CURSO:

A dominação dos mercados mundiais de cinema pelo cinema comercial dos EUA nos anos após a Primeira Guerra Mundial gerou um movimento de resistência tanto industrial quanto esteticamente. Vários artistas, especialmente na Europa, eram contra o que viam como a limitação da expressão cinematográfica forçada pelo estabelecimento do estilo clássico de Hollywood de contar histórias, que incluía narração linear; protagonistas fortes e centrais; e cuidadosa renderização das relações de tempo e espaço. Esses cineastas eram contra o que viam como a redução do cinema a um ramo da literatura; eles adoravam a anarquia e a inventividade dos primeiros anos de cinema. Já em meados da década de 1920, vários artistas, muitos vindos de outras mídias, como pintura, poesia ou dança, começaram a criar seus próprios filmes que violavam conscientemente a prática cinematográfica de Hollywood. Esses filmes eram frequentemente rotulados de "avant- garde", embora essa designação fosse frequentemente contestada até pelos próprios cineastas.
Embora a França e a Alemanha fossem os centros desses novos movimentos, exemplos podem ser encontrados em toda a Europa, no Japão, no Brasil - e até nos Estados Unidos. No entanto, apesar da presença de vários filmes de vanguarda americanos desafiadores e importantes nos anos 20 e 30, foi realmente a explosão de novos filmes de vanguarda nos EUA nos anos 40 - provocada pelo aumento da disponibilidade de câmeras e grandes melhorias no estoque de filmes de 16 mm - que realmente tornaram o cinema de vanguarda uma presença poderosa e contínua na cena cultural americana.
Após uma sessão sobre os primeiros exemplos do cinema de vanguarda dos EUA, o curso se concentra na trajetória que começou depois do sucesso de Maya Deren e Alexander Hammid, MESHES OF THE AFTERNOON. Passaremos então, em grande parte cronologicamente, às considerações das principais tendências nos próximos vinte e cinco anos: o filme Beat, o filme lírico, found footage, animação experimental, o filme performance e o filme estruturalista, com um breve olhar sobre os "Novos Narrativas" dos anos setenta e além. Ao longo do trabalho, será dada atenção especial ao diálogo entre o cinema de vanguarda e outros movimentos artísticos contemporâneos que vão da poesia beat, expressionismo abstrato, pop art, free jazz, minimalismo e cinema verité. Reflexões dentro da vanguarda de movimentos sociais e políticos como liberação sexual, questões LGBTQ  e ambientalistas também serão discutidas.