CINUSP X MUBI


Entre os dias 17 de outubro e 28 de outubro, o CINUSP em parceria com a MUBI, apresenta a mostra CINUSP X MUBI, que conta com 13 filmes especialmente selecionados do catálogo da plataforma de streaming para serem exibidos na sala de cinema aproveitando a qualidade da projeção e som. A partir da união dessas duas instituições, que compartilham da dedicação ao trabalho curatorial e da variedade de catálogo como pilares de sua formação, trazemos às telas obras-primas recém lançadas, além de sessões especiais com clássicos já aclamados pelo público.  

Começaremos logo dia 17 com a pré-estréia de The African Desperate, que será acompanhada por um bate-papo com a cantora e performer Jup do Bairro, a roteirista Karol Gomes e a crítica de cinema e jornalista Lorenna Montenegro. O filme acompanha as vinte e quatro horas da vida de uma artista após se formar no mestrado em artes numa universidade de Nova York. Dirigido por Martine Syms, o longa é uma verdadeira viagem sensorial recheada de comentários sagazes sobre o que é ser uma artista negra na contemporaneidade.

Ainda no leque de obras contemporâneas do último ano, há Titane de Julia Ducournau, longa ganhador da Palma de Ouro de 2021. Disruptivo, o filme se assemelha ao imaginário do recente filme de Cronenberg, Crimes of the Future, também presente na mostra, que se utiliza do horror corporal para representar o deslocamento de afetos e papéis eróticos na narrativa. Ambas obras trazem o espectador aos limites da matéria humana por meio de performances alucinantes, constituindo-se como odes provocantes à atração sensual da carne.

Por outro lado, Lingui, the Sacred Bonds, filme do chadiano Mahamat-Saleh Haroun, traz o tema do corpo a partir de outro paradigma: o da proibição e do controle dos desejos. Ele aborda a jornada de uma mãe muçulmana quando sua filha grávida decide abortar, apesar desta decisão ser condenada tanto pela religião quanto pela lei de seu país. 

A mostra também ganha corpo com a maratona Wong Kar Wai, dispondo três dos filmes mais célebres do cineasta chinês: Fallen Angels, Chungking Express e In the Mood for Love. Em diferentes facetas e estágios, os encontros e desencontros amorosos nas obras do diretor são apresentados em toda sua potência caótica, cômica e trágica, além de oferecerem ao espectador uma experiência de sublime beleza com a câmera de cores saturadas e com trilhas sonoras icônicas que variam de “California dreaming” à tangos experimentais. 

Pensando no som como característica principal temos Annette, ópera de Leos Carax, que juntamente com as músicas do duo pop Sparks, ironiza e dramatiza o tormento de ser um artista. Enquanto isso, Memoria de Apichatpong Weerasethakul explora em outra esfera o som – de forma contemplativa e cinestésica, a personagem principal passa a ouvir um estrondoso e misterioso barulho no seu dia a dia. 

Shiva Baby de Emma Seligman, em uma mistura cômica e ácida, acompanhamos um dia na vida da universitária Danielle,que se depara com vários eventos constrangedores – como encontrar seu sugar daddy secreto e sua ex namorada – em um shivá, tradicional cerimônia judaica pós-luto. Outro lançamento é Great Freedom, de Sebastian Meise, que também explora o tema queer, porém com outro olhar. O drama retrata a vida pós guerra na Alemanha e a criminalização da homossexualidade neste período histórico. 

Teremos ainda Drive My Car, a adaptação da obra de Haruki Murakami por Ryusuke Hamaguchi, que pode ser considerada como “revelação do ano”. A repercussão midiática que a produção ganhou associa-se à capacidade de envolvimento que o filme possui. Em uma viagem de carro, efeitos do passado e do presente, da memória e da imaginação, são confrontados pelas personagens. Por fim, Cow, de Andrea Arnold, é o único documentário da mostra e apresenta uma visão sensível e na “primeira pessoa” – em uma espécie de câmera-olho – de como é o dia de uma vaca leiteira.

Dentre um conjunto de diversos filmes disponibilizados pela plataforma, o CINUSP cuidadosamente programou uma mostra que procura enfatizar obras de alta qualidade e da contemporaneidade. É um prazer poder trazer para o público um rico acervo na nossa sala de cinema universitário.

Boas sessões!