CINEMA FEMININO INTIMISTA
Palestra com Laura Mulvey: O melodrama clássico, as novas tecnologias e o espectador interativo: o caso de Douglas Sirk Laura Mulvey, uma das principais críticas de cinema na Inglaterra, professora da Universidade de Londres, teve seu nome reconhecido no debate internacional a partir do seu artigo “Prazer visual e cinema narrativo”, publicado em 1974 (incluído na antologia "A Experiência do Cinema", organizada por Ismail Xavier). Neste artigo, ela expôs a sua teoria do espectador do cinema de ficção, apoiada na psicanálise e atenta às diferenças de gênero - masculino/feminino - presentes na construção do olhar induzida pelo filme clássico. Cineasta experimental que realizou, entre outros filmes, The Riddle of the Sphinx (1977), em parceria com Peter Woolen, Laura Mulvey é mais conhecida no campo da teoria da mídia, onde se concentrou na análise dos filmes de Jean-Luc Godard e de certos gêneros da indústria cinematográfica, como o melodrama. Publicou, em 1996, "Fetishism and Curiosity" (BF1, Londres), onde discutiu as diferenças entre a imagem como fetiche e a imagem como mediação para o conhecimento, acentuando a importância de tais diferenças na construção de um cinema político. Nos últimos anos, dada a expansão das novas formas de relação com os filmes, seja na experiência doméstica (VHS, DVD), seja na situação pública de exposições de arte (instalações), Laura Mulvey dedicou-se à análise das alterações que ocorrem quando o filme clássico encontra o espectador interativo que manipula as velocidades de exibição, avança e recua, faz pausas, interferindo na forma como se observa a imagem em movimento. Qual o novo teor da experiência do cinema? Como se pode fazer uma revisão das teorias do espectador, não mais passivo nem dominado pelas imagens projetadas na condição clássica da sala escura? Estas são questões que ela abordou em seu último livro, "Death Twenty-four Times a Second: Stillness and the Moving Image" (Reaktion Books, Londres, 2006). Tomando o melodrama de Douglas Sirk como objeto de análise, a palestra no CINUSP estará discutindo estas questões, a leitura clássica e a contemporânea. Ismail Xavier.